Sobre Tiganá Santana
Nascido
na cidade de Salvador (Bahia), o compositor, cantor, instrumentista, poeta,
produtor musical, diretor artístico, curador, pesquisador, tradutor e professor
da Universidade Federal da Bahia (no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências
Prof. Milton Santos), Tiganá Santana, iniciou seus estudos musicais de violão
aos 14 de anos. Começou a compor ainda nessa fase, após, desde os 9 anos, ter
tido a experiência da escrita poética. Aos 11 anos, aliás, venceu um concurso
literário na sua escola. O fato de Tiganá Santana ter sido o primeiro
compositor brasileiro, na história fonográfica do país, a apresentar um álbum,
como compositor e intérprete, com a presença de canções em línguas africanas,
relaciona-se com grande parte do seu trajeto de formação, como também diz
respeito aos seus interesses por adentrar mundos e pensares não ocidentais. O
álbum mencionado apresenta-se por nome “Maçalê” e foi disponibilizado para o
amplo público, digital e fisicamente, entre o final do ano de 2009 e o início
do ano de 2010. A propósito, o artista, ainda na década de 1980, frequentava,
muito jovem, as aulas de língua kikongo no Centro de Estudos Afro-Orientais da
Universidade Federal da Bahia, o que colaborou, fundamentalmente, para a sua
criação em período posterior. Em 2013, lançou o segundo registro fonográfico,
“The Invention of Color”, que teve, no seu projeto gráfico, aquarelas e
desenhos originais concebidos pelo artista-curador Emanoel Araújo. Tal álbum
contou com um prêmio concedido pelo Departamento de Cultura da Suécia, país em
que foi gravado, que propiciou a realização de todo o seu projeto artístico-musical.
Ainda nesse ano, foi contemplado por uma bolsa da UNESCO-Aschberg (Programa de
bolsas para artistas e profissionais de cultura), por meio da qual esteve em
Residência Artística no Senegal (precisamente, no Espace Sobo Bade, situado na
cidade de Toubab Dialaw). Após 5 meses, ao final da Residência, tendo sido
também contemplado pelo Edital Petrobras Cultural, gravou, em conjunto com
músicos da África do Oeste (Senegal, Guiné-Conacri e Mali), o álbum duplo que
viria a chamar-se “Tempo & Magma”, lançado em 2015, e que teve uma etapa de
sua gravação no Brasil para que se configurassem as participações da cantora
CéU e da reconhecida escritora-pensadora e sacerdotisa de religião de matriz
africana do Ilê Axé Opô Afonjá, Sra. Maria Stella de Azevedo Santos — Mãe
Stella de Oxossi. Canções desses dois últimos álbuns figuram entre as mais
ouvidas pelo público europeu, segundo os dados do World Music Charts. Após o
lançamento dos seus três primeiros álbuns, Tiganá Santana foi eleito um dos dez
músicos fundamentais da música atual brasileira pela conceituada revista
inglesa especializada em música, Songlines. Dirigiu a produção
artístico-musical de outros projetos, como no caso dos dois últimos álbuns da
cantora brasileira Virgínia Rodrigues, “Cada voz é uma mulher” (2019) e “Mama
Kalunga” (2015), o qual lhe rendeu o prêmio de melhor cantora no Prêmio da
Música Brasileira em 2016. No ano de 2020, lançam-se os álbuns “Vida-Código” —
agraciado pelo Edital de Publicação Musical do Departamento de Cultura da
Suécia — e “Milagres”, feito sob solicitação de uma gravadora alemã, a Martin
Hossbach, para revisitar, hodiernamente, o emblemático álbum “Milagre dos
Peixes”, do intérprete e compositor Milton Nascimento, com letras musicais
censuradas pelo regime ditatorial militar do Brasil em 1973. Tiganá Santana
possui cinco álbuns lançados — inclusive, o aludido “Vida-Código” (2020) consta
entre os melhores álbuns lançados no mundo, entre 2019 e 2020, segundo o
Transglobal World Music Chart —, um livro de poesia (“O Oco-transbordo”, de
2013), várias conferências proferidas (em instituições nacionais e
internacionais), vários artigos acadêmicos e ensaios publicados, um prêmio de
melhor tese de doutorado pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Letras e Linguística (ANPOLL), bem como outras honrarias e espetáculos
protagonizados ou dirigidos por ele
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